
O relatório, divulgado na segunda-feira pelo India Hate Lab, registou 668 incidentes de discurso de ódio anti-muçulmano em 2023, dos quais 413 ocorreram entre julho e dezembro, um aumento de 62 por cento em relação aos primeiros seis meses do ano, informou a Reuters.
O relatório definiu o discurso de ódio como linguagem preconceituosa ou discriminatória em relação a um indivíduo ou grupo com base na sua religião, etnia, nacionalidade, raça ou género, seguindo os critérios das Nações Unidas.
A maioria dos incidentes de discurso de ódio, cerca de 75 por cento, aconteceram em estados governados pelo Partido Bharatiya Janata (BJP), o partido nacionalista hindu do primeiro-ministro Narendra Modi. Maharashtra, Uttar Pradesh e Madhya Pradesh tiveram o maior número de casos.
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O relatório também concluiu que a guerra entre Israel e o grupo de resistência palestiniano Hamas, em Outubro, desencadeou 41 incidentes de discurso de ódio contra muçulmanos indianos que faziam referência ao conflito, representando cerca de 20 por cento do total nos últimos três meses de 2023.
O relatório disse que monitorou as atividades online de grupos nacionalistas hindus, verificou vídeos de discurso de ódio nas redes sociais e coletou dados de reportagens da mídia indiana.
Modi, que chegou ao poder em 2014 e deverá vencer as eleições de 2024, tem enfrentado críticas de grupos de direitos humanos pelas suas políticas em relação aos muçulmanos, que representam cerca de 14% da população da Índia.
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Citam uma lei de 2019 que concede cidadania a refugiados não-muçulmanos de países vizinhos, que o escritório de direitos humanos da ONU chamou de “fundamentalmente discriminatória”; uma lei que proíbe conversões religiosas pela força ou fraude, que os críticos dizem que viola o direito à liberdade de crença; e a revogação do estatuto especial da Caxemira, o único estado de maioria muçulmana na Índia, em 2019.
O governo também foi acusado de demolir propriedades muçulmanas sob o pretexto de remover construções ilegais e proibir o hijab, um lenço usado por algumas mulheres muçulmanas, nas salas de aula em Karnataka, um estado anteriormente governado pelo BJP.
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