Na quarta-feira, a ONU destacou que as operações de ajuda devem respeitar os princípios humanitários e de independência, em meio a relatos de que a ajuda na Faixa de Gaza seria distribuída pelo exército israelense ou por empresas americanas.
Questionado pela agência Anadolu sobre como as declarações atribuídas à reunião do gabinete de segurança de Israel poderiam afetar os esforços da ONU e como a distribuição seria vista, dado o envolvimento dos militares israelenses e dos EUA em Gaza, o porta-voz Stephane Dujarric afirmou, em entrevista coletiva, que a ONU não participou da reunião e não pode confirmar o conteúdo relatado.
“Não posso comentar a veracidade do que foi noticiado. O que posso dizer é que, seja em Gaza ou em qualquer outro lugar do mundo, as operações humanitárias da ONU funcionarão apenas com base em nossos princípios de humanidade, imparcialidade e independência”, declarou.
Dujarric alertou sobre o agravamento da crise humanitária em Gaza, onde as condições de vida continuam se deteriorando e a desnutrição cresce rapidamente.
“Em toda Gaza, os estoques de alimentos estão perigosamente baixos, e a desnutrição está piorando rapidamente”, disse ele, citando um levantamento de uma organização parceira que encontrou mais de 80 casos de desnutrição aguda entre 1.300 crianças no norte de Gaza — o dobro das semanas anteriores.
Ele acrescentou que o acesso a instalações de armazenamento essenciais, como os depósitos da UNICEF em Rafah, continua “fortemente restrito” devido ao bloqueio contínuo imposto por Israel e a barreiras logísticas.
O porta-voz instou os Estados-membros da ONU a garantirem que os suprimentos “possam ser distribuídos onde quer que as pessoas precisem, com pleno respeito aos princípios humanitários de humanidade, neutralidade, imparcialidade e independência”.
“Também pedimos aos Estados-membros com influência que façam tudo o que puderem para pressionar pela libertação dos reféns”, acrescentou.
Israel fechou as passagens de Gaza desde 2 de março, bloqueando a entrada de suprimentos essenciais, apesar de múltiplos alertas sobre a fome no território devastado pela guerra.
O exército israelense retomou sua ofensiva sobre Gaza em 18 de março, rompendo um cessar-fogo e acordo de troca de prisioneiros estabelecido em 19 de janeiro.
Desde outubro de 2023, Israel já matou mais de 51.300 palestinos no enclave, a maioria mulheres e crianças.
Em novembro passado, o Tribunal Penal Internacional emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e seu ex-ministro da defesa Yoav Gallant por crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Gaza.
Israel também enfrenta uma acusação de genocídio na Corte Internacional de Justiça por sua guerra contra o enclave.
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