O sacrifício no dia de Eid al-Adha é simbólico", disse Hojat-ol-Islam Bahram Dalir à IQNA. "Ele representa o rompimento com o apego à riqueza, aos bens materiais e aos desejos mundanos. A verdadeira essência do Eid al-Adha é o sacrifício do ego — colocar nosso ‘eu’ e nossos desejos diante de Deus e dizer: ‘Eu aceito o que o Amado aceita’."
O Eid al-Adha, também conhecido como Festa do Sacrifício, é uma das datas mais importantes do calendário islâmico. Comemora a disposição do Profeta Ibrahim (Abraão) de sacrificar seu filho como ato de obediência a Deus, que por fim substituiu o sacrifício por um carneiro. Muçulmanos ao redor do mundo celebram a ocasião com o abate ritual de animais, distribuindo a carne entre familiares, amigos e os necessitados.
Dalir, que é membro do corpo docente do Instituto de Pesquisa para a Cultura e o Pensamento Islâmico, destacou as implicações espirituais mais profundas desse ato. “A mensagem mais importante do Eid al-Adha é o sacrifício dos caprichos e desejos egoístas”, afirmou.
“Na mística islâmica, o maior obstáculo no caminho para a proximidade com Deus é o ego. Enquanto ele estiver presente, não é possível avançar de fato. Quando o ego é removido, o invisível se torna visível e o inaudível se torna audível.”
Ele acrescentou que a falta de visão espiritual muitas vezes se deve a barreiras internas: “Se não experimentamos a visão divina ou a percepção espiritual, é porque o ego está no caminho. Enquanto os desejos egoístas existirem, não se pode acessar o reino metafísico.”
Para além do significado espiritual, Dalir enfatizou a responsabilidade social incorporada na festividade. Ele exortou os muçulmanos a realizarem o sacrifício de maneira consciente e sistemática, garantindo que a carne chegue a quem realmente precisa.
“Se realmente compreendermos o significado do Eid al-Adha, nenhum muçulmano passaria um ano sem provar carne”, declarou. “Se a carne dos sacrifícios for distribuída corretamente, ela pode cumprir uma função social importante — reduzindo a desigualdade, ao menos no que diz respeito à nutrição básica.”
Ele comparou o Eid al-Adha com o Eid al-Fitr, observando que enquanto o segundo envolve a doação de dinheiro (zakat al-fitr) aos pobres, o primeiro consiste na oferta de carne. “Quando os indivíduos mais ricos realizam o sacrifício de forma planejada e organizada, o impacto social é visível. Não é um momento para encontros dos abastados que já se reúnem durante o ano inteiro. O Eid al-Adha não é um evento social para os ricos — é uma oportunidade para reduzir desigualdades e promover o crescimento ético e espiritual.”
Dalir concluiu destacando que o verdadeiro sacrifício exige desapego do ganho pessoal. “Abrir mão da riqueza favorece o desenvolvimento moral, espiritual e emocional daquele que doa. O ato de sacrificar, quando feito com sinceridade e consciência, beneficia tanto quem dá quanto quem recebe.”
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