Em uma entrevista com a IQNA sobre educação religiosa e formação de identidade, a professora do seminário Masoumeh Sadat Tabatabei enfatizou que o legado do Imam Hussein (AS), neto do Profeta Muhammad (PBUH) e figura central na Batalha de Karbala, transcende fronteiras religiosas e étnicas. "A mensagem de Ashura não está confinada a uma única fé ou grupo", disse ela. "É universal — um legado humano de dignidade, resistência e clareza moral."
O Imam Hussein (AS) foi martirizado em 680 d.C. enquanto se opunha à tirania. Sua posição final, ao lado de um pequeno grupo de companheiros — incluindo mulheres, idosos e crianças — tornou-se uma pedra angular da identidade islâmica xiita e um símbolo de resistência à opressão.
Tabatabei enfatizou que os princípios espirituais e éticos enraizados no levante de Hussein — como justiça, monoteísmo e busca pela satisfação divina — formam um modelo educacional universal. "Se eliminarmos limitações criadas pelo homem como etnia e geografia", explicou ela, "nos aproximaremos mais da satisfação divina."
Baseando-se tanto nos ensinamentos religiosos quanto na psicologia, Tabatabei disse que a educação moral eficaz começa com ação, não instrução.
"As crianças não apenas ouvem o que dizemos; elas observam o que fazemos. E isso deixa um impacto mais profundo", observou ela, apontando para o versículo corânico: "Por que dizeis o que não fazeis?" (Surah As-Saff, 61:2).
Segundo Tabatabei, criar crianças com valores como justiça e honestidade deve começar cedo e requer engajamento sustentado e empático. "Não espere até que sua criança mostre sinais de maturidade ou talento. Comece o processo de formação espiritual durante a infância e caminhe ao lado delas nessa jornada", disse ela.
Na tradição de Ashura, até crianças pequenas receberam autonomia. Na véspera da batalha, o Imam Hussein (AS) liberou seus seguidores — incluindo crianças — de sua lealdade, permitindo que partissem livremente. "Este momento nos ensina que o livre arbítrio e a escolha são vitais na educação", disse ela. "Treinar uma criança não deve depender de força ou medo, mas de diálogo, orientação e conexão emocional."
Ela alertou que se as crianças mais tarde vacilarem em suas crenças, as raízes frequentemente estão em oportunidades perdidas durante seus anos formativos. "Da mesma forma que o campo do Imam Hussein acolhia perguntas, mesmo em meio à guerra e tragédia, devemos encorajar a investigação reflexiva nas crianças. Deixe-as perguntar. Deixe-as pensar. É assim que elas aprendem a buscar a verdade."
Um método-chave, disse ela, é a narrativa apropriada para a idade.
"Exagero ou representações teatrais em encontros religiosos às vezes podem distorcer a mensagem", alertou ela. "Devemos ter cuidado para comunicar histórias com equilíbrio e sensibilidade ao nível de compreensão da criança."
Entre as ferramentas mais eficazes, disse ela, estão histórias, poesia e imagens, sendo a narrativa a mais poderosa.
"Quando as crianças ouvem sobre heróis como Lady Ruqayyah ou Ali Asghar — crianças como elas mesmas — elas se conectam profundamente", explicou Tabatabei. "Esta empatia ajuda a moldar sua identidade religiosa de forma orgânica e duradoura."
Ela acrescentou que a narrativa também ajuda as crianças a internalizar valores colocando-os em contextos relacionáveis. "Não se trata apenas de aprender fatos. Trata-se de ajudar as crianças a sentir e compreender as verdades por trás dessas histórias."
Finalmente, ela alertou contra o excesso de ênfase em temas de sofrimento de uma forma que poderia prejudicar o bem-estar emocional das crianças.
"Embora os Ahl al-Bayt [a família do Profeta] tenham suportado grande dor, fizeram-no com dignidade e força", disse ela. "Devemos apresentá-los não apenas como vítimas, mas como figuras corajosas e principiosas — porque o martírio, no final, é a arte daqueles que caminham com Deus."
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