
A Irmandade Muçulmana disse na quarta-feira que a diretriz de Trump para começar a designar certos ramos do grupo como Organizações Terroristas Estrangeiras (FTOs) estava "desconectada da realidade".
Em um comunicado publicado na conta oficial do grupo no X, argumentou que a alegação de envolvimento em terrorismo era "não apoiada por evidências".
O grupo descreveu a decisão como politicamente motivada e afirmou que "carece de qualquer base legal ou de segurança credível". Alertou que a ordem "estabelece um precedente perigoso" e poderia minar tanto os interesses de segurança dos EUA quanto a estabilidade regional.
O comunicado acrescentou que tal designação encorajaria governos que buscam justificar repressão, punição coletiva e sanções econômicas.
De acordo com o grupo, a medida segue lobby de Israel e dos Emirados Árabes Unidos, que há muito se opõem à Irmandade Muçulmana. Disse que "os fatos não mudaram", mas que a pressão estrangeira sobre Washington, particularmente dos "Emirados Árabes Unidos e Israel", havia aumentado e influenciado a política dos EUA.
Trump assinou a ordem executiva na segunda-feira, iniciando uma revisão que poderia resultar em certos "capítulos ou outras subdivisões" da organização sendo adicionados à lista de terrorismo dos EUA.
A ordem citou suposto envolvimento em violência e atividades desestabilizadoras por ramos no Líbano, Egito e Jordânia, dizendo que tais ações prejudicam a estabilidade regional e os interesses dos EUA.
A Irmandade Muçulmana rejeitou a caracterização, dizendo que a organização não opera através de "capítulos" formais e observando que grupos independentes em diferentes países muçulmanos compartilham elementos da ideologia islâmica, mas tomam suas próprias decisões sob a lei local.
O comunicado disse que esses movimentos têm longas histórias de participação política e cívica pacífica e se comprometeram com processos democráticos e engajamento não violento.
Fundada no Egito no final da década de 1920, a Irmandade Muçulmana surgiu como um movimento social e político oposto ao domínio colonial britânico. Foi posteriormente alvo de governos nacionalistas como os liderados por Gamal Abdel Nasser no Egito e Hafez al-Assad na Síria. O grupo ganhou influência nas décadas de 1970 e 1980, quando muitos estados árabes adotaram governança secular e autoritária.
Sua posição política subiu drasticamente após as revoltas árabes de 2011. O Egito elegeu seu primeiro presidente da Irmandade Muçulmana, Mohamed Morsi, em 2012, antes de ele ser deposto em uma tomada militar de 2013 liderada por Abdel Fattah el-Sisi.
O papel do grupo há muito é uma fonte de tensão entre as potências regionais, contribuindo para disputas envolvendo Turquia, Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Embora os laços regionais tenham melhorado parcialmente nos últimos anos, a Irmandade Muçulmana permanece politicamente controversa, com várias monarquias vendo-a como um desafio ao domínio estabelecido.
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