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Erudito: O Alcorão Fala para Todos, Mas Alcançar Significados Mais Profundos Requer Especialização

12:44 - April 17, 2025
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IQNA – O Alcorão oferece orientação para todos, mas desvendar seus significados mais profundos exige a expertise de estudiosos, segundo o erudito islâmico Sheikh Yaqub Jafariniya.

Em entrevista à IQNA, Sheikh Jafariniya descreveu o Alcorão como um texto “multidimensional”, enfatizando sua acessibilidade em diferentes níveis intelectuais e espirituais.

Essa natureza em camadas permite que as pessoas se beneficiem do Alcorão conforme sua capacidade individual, afirmou Jafariniya, que é autor de uma interpretação do Alcorão em persa, intitulada Kawthar.

“O Alcorão foi revelado de uma maneira que permite a cada um extrair dele o que sua capacidade existencial permite”, disse ele. “No nível básico, o público em geral pode ler e agir de acordo com seus versículos sem precisar consultar especialistas.”

No entanto, ele acrescentou que interpretações mais profundas do Alcorão realmente requerem orientação especializada. “Entender o Alcorão não é difícil para o público em geral, e não há necessidade de saber árabe ou frequentar um seminário religioso para se beneficiar dele”, afirmou Jafariniya. “Mas, se buscamos extrair significados superiores e um conhecimento mais profundo, naturalmente precisamos de especialistas e intérpretes.”

Ele também abordou a relação entre a jurisprudência islâmica (fiqh) e o Alcorão, observando que, embora o texto sagrado contenha algumas orientações jurídicas, ele frequentemente as apresenta de forma geral.

“Há apenas um número limitado de versículos no Alcorão que tratam diretamente de orientações legais, e mesmo esses são gerais”, explicou ele. “Por exemplo, o Alcorão diz ‘Estabeleçam a oração’, mas não menciona o número de rakats para cada oração nem os detalhes das regras. Esses pormenores vêm dos hadiths.”

Jafariniya enfatizou que isso foi intencional. “O Alcorão deixou a explicação dos detalhes para o Santo Profeta (que a paz esteja com ele)”, disse, fazendo referência ao versículo 44 da Surata An-Nahl: “Enviamos para você o lembrete, para que esclareça às pessoas aquilo que foi enviado para elas, para que reflitam.”

Esse versículo, observou ele, confirma o papel do Profeta Muhammad (que a paz esteja com ele) em interpretar e clarificar a orientação do Alcorão.

Ao defender a dependência dos estudiosos islâmicos na literatura hadith, ele rejeitou a ideia de que os juristas negligenciam o Alcorão. “Não é que os nossos estudiosos ignorem os versículos corânicos. O próprio Alcorão nos ordena a seguir o Profeta (que a paz esteja com ele), como em: ‘Tomai o que o Mensageiro vos der’ (Surata Al-Hashr, versículo 7). Assim, quando os estudiosos se baseiam nos hadiths, eles estão na verdade seguindo a instrução corânica”, concluiu ele.

Jafariniya reconheceu que alguns podem sentir que o Alcorão foi marginalizado na prática cotidiana, mas argumentou que essa questão é vista principalmente entre o público em geral. “Entre os estudiosos, o Alcorão nunca foi abandonado”, afirmou.

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