'Isto Foi um Trabalho de Amor': Mesquita de Bendigo na Austrália Prestes a Abrir
Por quase duas décadas, a Dra. Aisha Neelam ansiou por um local comunitário de adoração em Bendigo. Ela se mudou de Dubai em 2005 e estabeleceu uma clínica médica na cidade, mas uma mesquita construída especificamente para esse fim permaneceu ausente. Quando o plano para uma mesquita surgiu há mais de dez anos, ela viu isso como um ponto de virada, reportou a ABC News.
Seu otimismo logo encontrou resistência. Protestos liderados por grupos de extrema-direita, incluindo a extinta Frente Patriótica Unida, tomaram a cidade.
A polícia instou a comunidade muçulmana a permanecer cautelosa. A Dra. Neelam recordou ter sido aconselhada a evitar o distrito comercial central.
A agitação, ela disse, "nos proporcionou um vislumbre de quão feio o mundo pode ficar, mas ao mesmo tempo, também, como às vezes algo realmente bonito cresce de algo realmente, realmente sombrio".
Esse "algo bonito", ela acrescentou, é a mesquita, agora se preparando para uma abertura em etapas.
A construção começou em 2019, anos depois que uma decapitação simulada encenada em frente aos escritórios do conselho ilustrou as tensões em torno do projeto. Desafios legais chegaram ao Supremo Tribunal, mas foram rejeitados em 2016, abrindo caminho para o início da construção.
O apoio local também surgiu. O residente de Bendigo Anthony Radford se juntou a uma contra-campanha chamada Acredite em Bendigo.
Ele disse que enfrentou ameaças por apoiar a mesquita, mas argumentou que a maior parte da oposição veio de fora da cidade. "A questão da mesquita de Bendigo foi o ponto crítico na guerra contra o sentimento anti-islâmico", disse ele.
A mesquita não é destinada apenas como local de adoração. Sameer Syed, vice-presidente do Centro Comunitário Islâmico de Bendigo, explicou que foi projetada para funcionar como um centro comunitário. "Queremos que este seja um espaço para todos em Bendigo, não apenas para a comunidade muçulmana", disse ele.
A história do Islã na região, no entanto, não é nova. O professor associado Tim Jones da Universidade La Trobe observou que muçulmanos chegaram a Bendigo durante a era da corrida do ouro.
Ele disse que relatos históricos registraram muçulmanos participando de celebrações públicas, incluindo reuniões de Eid no Parque Rosalind. Com o tempo, ele explicou, a cidade tornou-se menos culturalmente diversa, e a oposição à mesquita reflete desafios que devem ser abordados através de uma compreensão cultural mais profunda.
Hoje, pequenos grupos de manifestantes ocasionalmente aparecem fora do local, mas os apoiadores dizem que o projeto é um passo adiante para a inclusão.
Para a Dra. Neelam, o edifício representa mais do que tijolos e argamassa. "[A mesquita] ocupa um lugar muito especial em meu coração... isto foi um trabalho de amor".
Ela acrescentou que o centro foi concebido como um local para diálogo inter-religioso e intercâmbio comunitário, onde os residentes pudessem "entrar e conversar, conhecer um muçulmano, ver do que se trata e meio que desmistificar a fé um pouquinho também".
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