Estudioso Islâmico Diz que IA Não Pode Substituir a Razão Humana ou a Alma Espiritual
O Aiatolá Mostafa Mohaghegh Damad, um proeminente estudioso do seminário e da universidade, fez os comentários na quarta-feira em uma conferência sobre os "Fundamentos Científicos e Filosóficos da Inteligência Artificial", onde falou sobre a visão da filosofia islâmica sobre a IA.
Ele abriu seu discurso enfatizando que sua familiaridade com os detalhes técnicos da IA é limitada. Ele disse que isso não se deve a "qualquer negligência" de sua parte ou de estudiosos da filosofia, mas por causa da "velocidade surpreendente do progresso tecnológico, especialmente na inteligência artificial," embora ele pessoalmente use a internet e ferramentas relacionadas.
Mohaghegh Damad acrescentou que no futuro, uma pessoa que não conhece IA pode ser vista como alguém que não sabe ler ou escrever. Ele disse que filósofos islâmicos como Avicena, Farabi, Mulla Sadra e Nasir al-Din Tusi cada um desenvolveram escolas de pensamento capazes de responder a novas questões ao longo dos séculos.
O estudioso disse que a filosofia islâmica também deve ser aplicada às questões de hoje. Ele apontou para Avicena, que em seu livro al-Isharat argumentou que a existência não se limita a seres materiais e que seres imateriais também existem.
De acordo com Avicena, os humanos combinam um aspecto material — traços físicos como cor, altura e aparência — e um imaterial, a alma. "Assim como o olho é um instrumento da alma para ver, o cérebro é um instrumento da alma para a tomada de decisão," ele disse.
Ele observou que Avicena apresentou vários argumentos para essa visão, sendo o principal que os humanos realizam ações que a matéria sozinha não pode produzir, com os exemplos mais importantes sendo "pensamento e conhecimento."
Avicena e Mulla Sadra acreditavam que pensamento e conhecimento não têm lugar material e existem dentro da alma, que é imaterial. Quando o cérebro é danificado, ele disse, o esquecimento ocorre porque o instrumento que expressa a alma foi prejudicado.
O Aiatolá Mohaghegh Damad enfatizou que a razão e a reflexão intelectual são centrais para os argumentos islâmicos sobre a existência de uma alma imaterial. Ele disse que isso levanta uma questão difícil: se a IA pode pensar como um ser humano, então "todas as teorias de Avicena e Mulla Sadra desmoronam — a menos que digamos que esta máquina pode até se apaixonar pela beleza!"
Ele acrescentou que, com base no que aprendeu com especialistas em IA, o "ponto central" ainda é mantido pelos humanos, e a IA ainda não alcançou o nível do raciocínio humano.
Mohaghegh Damad então explicou a diferença entre pensar e raciocinar na filosofia islâmica. A prova central para a alma imaterial é o raciocínio (ta'aqqul), não o simples pensamento (tafakkur).
Até agora, a IA pode pensar, ele disse, mas não pode raciocinar. Ele citou o exemplo clássico: "Se A é igual a B e B é igual a C, então A é igual a C." Este é um processo de pensamento. "Como disse Hajji Sabzevari, o pensamento é um movimento de premissas iniciais (dados) em direção à conclusão pretendida. Uma máquina faz isso também, mas ela pode raciocinar? Ela pode compreender conceitos universais?"
Ele explicou que uma xícara é um objeto particular, enquanto o conceito de uma xícara é universal; todo ser humano é um indivíduo, enquanto o conceito de "humano" é universal. A capacidade de perceber qualidades compartilhadas e abstrair conceitos universais de particulares é algo que a IA ainda não pode fazer. O estudo dos universais, ele acrescentou, é uma das áreas mais profundas da filosofia islâmica, e os sábios muçulmanos se destacaram em esclarecê-lo.
Ele acrescentou que a IA "não gera dados" mas requer que os dados sejam dados a ela para produzir resultados. Por essa razão, ele disse, a filosofia islâmica não enfrenta nenhum desafio importante ao explicar a relação entre os seres humanos, a alma e a inteligência artificial.
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