Codex Mashhad é único em pelo menos dois aspectos

IQNA – Um estudioso da Universidade de Harvard se referiu às características únicas do Codex Mashhad e destacou sua importância nos estudos corânicos contemporâneos.

“O Codex Mashhad é único em pelo menos dois aspectos. Primeiro, pode ser o códice mais completo do primeiro século islâmico, pois contém mais de 90% do texto corânico. Segundo, o Codex Mashhad é o único manuscrito substancial do tipo de texto ʿUthmānic que parece ter aderido consistentemente a um arranjo de surah não ʿUthmānic”, escreveu Mohsen Goudarzi em um artigo, que é o seguinte:

 

O estudo do Alcorão e sua história textual tem sido um campo altamente ativo nas últimas décadas. Muitos manuscritos antigos do Alcorão foram digitalizados ou publicados em cópias fac-símile, às vezes junto com edições de seus textos. Embora nosso conhecimento de manuscritos antigos tenha crescido consideravelmente, descobertas excepcionais ainda podem desafiar suposições comuns e expandir nosso conhecimento de novas maneiras emocionantes. O Codex Mashhad, mantido na biblioteca do santuário do Imam Reza (a.s) no Irã, é uma dessas descobertas.

 

Por quase uma década, o Dr. Morteza Kariminia tem estudado este manuscrito antigo usando uma variedade de ferramentas e metodologias. Os frutos de sua pesquisa e análise abrangentes estão agora disponíveis em uma obra requintada de dois volumes. O primeiro volume apresenta uma reprodução fac-símile do Codex Mashhad e uma edição cuidadosa de seu texto com anotações abundantes. O segundo volume contém uma introdução substancial, em árabe e inglês, que discute o Codex Mashhad das perspectivas codicológica, textual e histórica. A obra em oferta é uma verdadeira cornucópia acadêmica.

 

Escrito na chamada escrita Ḥijazī — e sendo o único manuscrito desse tipo no formato vertical no Irã — o Codex Mashhad consiste em dois manuscritos armazenados na Biblioteca Āstān-e Qods em Mashhad. Tendo se deparado pela primeira vez com o MS 18, que contém quase a primeira metade do Alcorão, Kariminia descobriu mais tarde a segunda metade deste códice no MS 4116 da mesma biblioteca. Ele também descobriu uma característica única deste manuscrito: embora seu texto esquelético (rasm) esteja em conformidade com o tipo de texto ʿUthmānic, a ordem original das suras do códice diferia daquela dos códices ʿUthmānic. Na verdade, a ordem original era tão diferente que um escriba posterior, escrevendo na escrita cúfica, teve que realizar uma extensa operação de cortar e colar e reescrever quase a totalidade da 30ª parte para fazer o códice se conformar à ordem ʿUthmānic. Kariminia argumenta convincentemente que a ordem original deve ter refletido o arranjo relatado para o códice de Ibn Masʿūd, porque as onze transições de suras que o escriba deixou intactas são precisamente aquelas que foram compartilhadas entre os arranjos de suras ʿUthmānic e Ibn Masʿūdian.

 

Professor da Universidade de Princeton diz que o Codex Mashhad é "valioso" para estudar a história do Alcorão

O Codex Mashhad é único em pelo menos dois aspectos. Primeiro, pode ser o códice mais completo do primeiro século islâmico, pois contém mais de 90% do texto do Alcorão. Segundo, o Codex Mashhad é o único manuscrito substancial do tipo de texto ʿUthmānic que parece ter aderido consistentemente a um arranjo de suras não ʿUthmānic. A natureza híbrida deste códice levanta questões importantes. Sua forma original omitiu Sūrat al-Fātiḥa ou as duas últimas suras do Alcorão, que teriam faltado no códice de Ibn Masʿūd? Uma questão mais ampla se coloca: quais características da tradição de Ibn Masʿūd pareceram mais subversivas para as autoridades omíadas, que supostamente tentaram suprimir essa tradição? Foram diferenças ocasionais no texto esquelético (como frequentemente se supõe) ou, melhor, seu arranjo diferente de suras e as suras omitidas? A resposta a essas perguntas tem relação com o que se pensa sobre as motivações por trás da produção desse códice híbrido, para o qual Kariminia fornece várias hipóteses plausíveis.

 

Como parte de sua pesquisa sobre o Codex Mashhad, Kariminia teve várias análises de radiocarbono realizadas em laboratórios internacionais, o que indica que o manuscrito foi produzido na segunda metade do primeiro século A.H. Características paleográficas e ortográficas do códice sugerem que ele foi produzido na primeira metade desta janela, tornando-o provavelmente uma produção do primeiro século. A introdução de Kariminia fornece tabelas que listam convenientemente as distintas características textuais deste códice em divisão de versos, ortografia e leituras. Há muitos casos interessantes em que o Codex Mashhad concorda com algumas práticas e variantes relatadas, embora em outros lugares pareça atestar leituras únicas, práticas de escribas ou erros de escribas. No geral, o trabalho cuidadoso e abrangente de Kariminia estabelece uma referência para estudos de manuscritos do Alcorão. Tanto os dados que ele disponibilizou quanto sua análise são essenciais para uma melhor compreensão da história inicial do Alcorão e indispensáveis ​​para futuras pesquisas no campo.

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